terça-feira, 18 de março de 2008

Desconfiguração


Cargas de monstruosas proporções
São o que os olhos levam no peito
Mas ao saltar de olho em olho
Levas as cordas de todos os tempos contigo,
Percebes ao longo de existências infinitamente pequenas
Que as mortes são efémeras,
Cada ser se sobrepõe a outros tantos
E por vezes até os sonhos esmagam os seres

Esmagas a unha contra a lamela
Queres ver mais perto
Perceber que aspecto tens lá dentro
No fundo do ser
No lugar onde residem
Vinte e uma irmãs
Que compõem o acorde final

Mas ao sobreexistir
Sentes a pele bem junto dos orgãos
E estes ao apodrecerem
Carregam as vidas de outros tantos
Para o seu aterro
O lixo do ser

E então eu chamo-as
Vinte e uma vezes
E uma a uma
As irmãs aproximam-se rodeando-me,
Estou pronto para partir
Libertando-as no vento do esquecimento eterno
Deixando no ar a esperança vã de continuar a existir
Na memória do espelho.

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