segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Outono

Assim que a primeira gota me tocou estremeci, não estava preparado para aquela sensação repentina de frio localizado, e foi aí que ela escorreu, encostada ao meu corpo, agora morna. Olhei para o lado, as memórias vieram à tona. Pensei nas coisas que me disseste, no que me sussurraste ao ouvido. Quero sentir-me assim outra vez. Estremeço. Dei por mim parado na chuva, com o frio entranhado nos ossos. Aquela gota morna já caiu há tanto tempo. Pego nas minhas coisas: uma caneta e papel (agora molhado).
Sigo pela rua, sempre em frente, não há que enganar embora o meu passo não me diga o mesmo. Cambaleio. As tonturas outra vez. Não consigo estar parado, e vejo agora que também não consigo parar de andar, ainda que tonto e às cegas nesta rua escura e escorregadia. O único consolo que tenho é a presença de alguns, a serenidade tempestuosa que são os meus, os que me escolheram e que eu escolhi. Paro. A tontura ficou lá atrás. Mas vai voltar, volta sempre.

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